Investigações apontaram os líderes do grupo, a dinâmica das corridas ilegais no DF e as principais rodovias em que ocorrem os pegas
Avelocidade se traduz em respeito e a vitória vem acompanhada de fama para um grupo de 50 jovens de classes média e alta que desafiam as autoridades ao promover rachas pelas ruas do Distrito Federal. Os motoristas tornaram-se alvo de mapeamento feito pela Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri), da Polícia Civil (PCDF). As investigações apontaram os líderes das corridas ilegais, revelaram a dinâmica de organização das perigosas disputas e identificaram as principais rodovias em que ocorrem os pegas.

A Corpatri aprofundou a apuração de um relatório prévio produzido pelo setor de inteligência do Departamento de Trânsito (Detran-DF). Turbinados, os carros com motores envenenados – desde os modelos populares nacionais até esportivos de luxo alemães –, roncam alto para uma plateia eufórica formada por jovens sedentos de diversão em várias localidades do Distrito Federal.
Os investigadores da PCDF se infiltraram na multidão que assiste aos rachas, sempre durante às madrugadas de quinta e sexta-feira. O mapeamento identificou pontos de encontro nos estacionamentos do Park Design e Shopping Popular, na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), no Clube Nippo, às margens da L4 Sul, em locais próximos a quadras comerciais em Águas Claras e no Setor Noroeste, nas vias W7 e W9.
Os vídeos gravados pelos policiais e também às imagens publicadas nas redes sociais pelos jovens que participam dos rachas.

Nos estacionamentos de clubes, como o do Nippo, a disputa entre os pilotos clandestinos começa ainda com os carros desligados. Primeiro, os racheiros medem quem tem o som mais alto. Além da música, o álcool abastece o ego dos corredores. O consumo de cerveja e de outras bebidas corre solto. Nos pontos de encontro dos pegas não existe Lei Seca. Garotas circulam entre as máquinas. Ali, sinal de status é ter grandes rodas de liga leve que podem custar R$ 10 mil o jogo.
De acordo com as investigações, os motoristas, em sua maioria, são moradores do Park Way e das asas Sul e Norte, mas há alguns que residem em Taguatinga. As diligências da Corpatri apontam que existe grau de organização bem definido nos eventos ilegais. A comunicação entre os participantes é feita por grupos de WhatsApp e comunidades privadas em redes sociais.
Carros esportivos se preparam para corrida no Eixo MonumentalIgo Estrela/Metrópoles
Na Ponte JK, corredor filma carro a 132 km/h, via em que a velocidade máxima autorizada é de 60 km.
Carros importados com 300 cavalos de potência participam dos pegas.
Motoristas ignoram a fiscalização e fazem pegas no Eixo Monumental.
No estacionamento do Shopping Popular, os racheiros bebem e conversam antes das corridas.
Rachas ocorrem nas proximidades do estacionamento do Shopping Popular, onde funciona um posto do DetranIgo.
Carros esportivos se preparam para corrida no Eixo Monumental.
Na Ponte JK, corredor tem seu carro a 132 km/h, via em que a velocidade máxima autorizada é de 60 km.
“A situação é de tanto descontrole que os participantes perderam o temor. Isso fica claro com as publicações abertas em redes sociais que mostram velocímetros marcando velocidades absurdas”, pontua a PCDF.