Pesquisar

Blogdopa | Tragédia em clínica: “Todos começaram a desmaiar”, diz interno após 5 mortes

Um incêndio no Instituto Terapêutico Liberte-se, neste domingo (31/8), deixou cinco mortos e 11 feridos. Um dos internos que conseguiu escapar relatou os momentos de pânico vividos durante a tragédia.

Uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, localizada no Núcleo Rural Desembargador Colombo Cerqueira, no Paranoá (DF), realmente pegou fogo por volta das 3h da madrugada do domingo, 31 de agosto de 2025.

O incêndio ocorreu no Instituto Terapêutico Liberte-se, resultando em uma tragédia com cinco pessoas mortas e 11 feridas, que apresentaram sintomas de intoxicação por inalação de fumaça  

Daniel Fernandes, 24 anos, relatou ao portal que estava dormindo quando foi acordado por internos de outro quarto pedindo ajuda. “Eles vieram buscar a chave da porta da frente da casa, que é trancada todas as noites”, contou.

Segundo ele, o desespero tomou conta do local. “Levantamos rapidamente e fomos. Quando cheguei à sala, percebi que o fogo já havia se alastrado, enquanto todos gritavam por socorro, pedindo para não deixar que eles morressem”, lembrou.

Nesse momento, Daniel Fernandes, outros internos e um coordenador do instituto correram em busca de objetos para tentar quebrar as grades das janelas. De acordo com testemunhas, todas as portas e janelas estavam trancadas ou protegidas por grades no momento do incêndio.

“Conseguimos quebrar uma janela e levar alguns internos para o quarto ao qual ela dava acesso. Parte conseguiu entrar, outros não. Logo depois, todos começaram a desmaiar por causa da fumaça”, contou um sobrevivente.

Segundo relatos, os internos que estavam do lado de fora conseguiram entrar pela janela e retirar algumas vítimas, mas não houve tempo de salvar todas.

“Vi um rapaz sendo queimado e outro se arrastando enquanto o corpo pegava fogo. Um terceiro interno estava quase desmaiando por causa da fumaça, quando as chamas se alastraram e começaram a cair sobre ele”, lembrou. “Fiquei em estado de choque, muito triste.”

Daniel Fernandes contou que foi acolhido no instituto há cinco meses. “Sou muito grato por aquele lugar. Eles me deram oportunidade e me ensinaram uma nova maneira de viver”, afirmou.

Alguns internos que presenciaram o incêndio prestaram depoimento à Polícia Civil do DF (PCDF), que investiga o caso. Um deles, de 27 anos, que estava há dois meses na clínica tratando dependência de cocaína, relatou que não havia extintores de incêndio no local.

Ele disse que acordou e encontrou a casa tomada pela fumaça. Por causa da intoxicação, chegou a desmaiar, mas acordou a tempo de pular pela janela quebrada por Daniel Fernandes.

O interno afirmou que muitos colegas não conseguiram sair da clínica devido ao cadeado instalado do lado de fora da porta de entrada e saída.

  • O Instituto Terapêutico Liberte-se, clínica de reabilitação para dependentes químicos localizada no Paranoá (DF), foi atingido por um incêndio na madrugada deste domingo (31/8), por volta das 3h.
  • Cinco pessoas morreram e ao menos 11 ficaram feridas.
  • As vítimas fatais foram identificadas como Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto, Lindemberg Nunes Pinho, Daniel Antunes e João Pedro Santos.
  • Atualmente, a clínica abrigava mais de 20 internos. Ainda não se sabe quantos estavam presentes no momento do incêndio.
  • As causas do fogo são desconhecidas. A 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá investiga o caso.
  • O Corpo de Bombeiros controlou as chamas e encaminhou os feridos aos hospitais regionais de Sobradinho (HRS) e da Região Leste, no Paranoá (HRL).

Proprietário confirma que clínica estava trancada

Em depoimento à Polícia Civil do DF (PCDF), o proprietário do Instituto Terapêutico Liberte-se, Douglas Costa Ramos, 33 anos, afirmou que dormia em um quarto localizado do lado de fora da clínica quando foi acordado pelos internos. Ao perceber o incêndio, acionou imediatamente o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF).

Ramos confirmou que a única porta de entrada e saída da clínica estava trancada com cadeado, medida adotada devido a furtos anteriores. Ele também admitiu que a casa funcionava sem alvará e sem liberação do CBMDF. Segundo o proprietário, o processo de licenciamento junto ao Governo do Distrito Federal (GDF) havia sido iniciado, mas o alvará ainda não havia sido expedido.

O voluntário Sergio Rodrigo Gomes, 38 anos, também estava na clínica na madrugada deste domingo (31/8). Segundo seu depoimento, ele recebeu a chave de um interno chamado Ronaldo e conseguiu destrancar o cadeado da única porta de entrada e saída, após enfrentar grande dificuldade. Gomes relatou que ajudou a quebrar janelas e grades para resgatar as vítimas e que chegou a se queimar, já que o fogo se alastrou rapidamente.

O caso está sendo investigado pela 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá.

O que a Administração Regional do Paranoá explicou é o seguinte:

  • Ela não tem autoridade para conceder, sozinha, o alvará de funcionamento de estabelecimentos nem autorizar a operação definitiva de um serviço.
  • O papel da administração se limita a analisar e aprovar a viabilidade locacional, ou seja, se o local é adequado para receber determinado tipo de atividade.
  • Após essa aprovação, o processo precisa passar por vistorias e autorizações de outros órgãos competentes para que o funcionamento seja realmente legal.
  • No caso da clínica de recuperação, a administração deferiu a licença de localização em 28/8, mas essa licença não é o alvará de funcionamento. Ela apenas representa a primeira etapa do processo de autorização e não permite, por si só, que o serviço seja prestado legalmente.

A Administração Regional e o Instituto Terapêutico Liberte-se lamentaram o trágico incêndio. Em nota, a Administração manifestou solidariedade às vítimas, familiares e à comunidade, colocando-se à disposição para colaborar com os órgãos competentes. Já a clínica informou que está em contato com as autoridades e reiterou o compromisso com a transparência e com a apuração rigorosa dos fatos, oferecendo todas as informações necessárias para esclarecer as circunstâncias do ocorrido.

 

Deixe um comentário

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
Pesquisar