A área técnica da Aneel calcula que o novo patamar da bandeira vermelha nível dois deve subir entre R$ 11,50 e R$ 12,00
Um reajuste de 84,3% a 92,3% na bandeira vermelha nível dois pode jogar ainda mais lenha na fogueira da inflação, que já tem acelerado nos últimos meses, segundo economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast.
A área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula que o novo patamar da bandeira vermelha nível dois deve subir para algo entre R$ 11,50 e R$ 12,00 a cada 100 quilowatt-hora consumidos. A sugestão não tem caráter obrigatório, de forma que a diretoria pode, se assim desejar, aprovar um valor menor ou maior que o proposto. A bandeira vermelha nível 2 está hoje em R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh).
A energia elétrica é um dos itens de maior peso na inflação oficial medida pelo IPCA, respondendo por 4,24% da cesta de consumo. O economista André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), estima que um aumento da bandeira para R$ 11,00 levaria a uma alta de 10,5% no item energia elétrica. Esse efeito sozinho geraria um impacto de 0,4 ponto porcentual na inflação em julho. Como os valores estudados pela Aneel estão acima desse patamar, o baque pode ser até maior.
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Na inflação das famílias de baixa renda, medida pelo INPC, o impacto é até maior, superior a 0,5 ponto porcentual, afirma Braz. Já o sócio e economista-chefe da RPS Capital, Gabriel Leal de Barros, calcula que o impacto no IPCA seria de 0,25 ponto porcentual, caso a bandeira seja reajustada para R$ 11,50, e de 0,27 ponto porcentual se o aumento for para R$ 12,00.
“Caso haja decisão de preservar água nos reservatórios durante o período úmido até o final do primeiro trimestre de 2022, o impacto inflacionário pode contaminar também o ano que vem”, diz Barros.
Na segunda-feira, 28, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV e pediu à população que economize água e energia elétrica.
“Não houve novidades na sua fala é não sinalizou medidas concretas a não ser negociações com os industriais para uso de energia fora dos horários de pico” , avaliou o economista-chefe da Necton, André Perfeito. Na avaliação dele, o governo não apresentou os dados de consumo atual de energia ou do nível dos reservatórios, “o que deixa certo desconforto no ar”.