Defensora mantinha 11 clientes detidos do presídio federal de Brasília, que fazem parte da alta cúpula da facção criminosa paulistana.
A maior e mais organizada facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) conta, há pelo menos 10 anos, com o próprio departamento jurídico para defender seus integrantes quando estão atrás das grades.
A chamada “sintonia dos gravatas” é o elo de comunicação entre as lideranças encarceradas e os membros ainda em liberdade. Robusto, o esquema chegou a contar com pelo menos 47 advogados em 25 estados, além do Distrito Federal.
Uma advogada brasiliense foi condenada a quatro anos em regime inicialmente aberto pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) por atuar como pombo-correio da organização e alugar um imóvel para a esposa do líder do PCC, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, que cumpre pena no Presídio Federal de Brasília. Michelle Daianne Guimarães foi contratada como advogada da célula da facção no DF, ascendendo à unidade do sistema penitenciário federal quando os principais líderes do PCC foram transferidos para a capital da República.
Após se envolver com pessoas ligadas à organização criminosa, a defensora passou a defender dois integrantes do PCC que cumpriam pena no presídio federal.
Pouco tempo depois, o número de clientes da facção saltou para 11. Para atuar em duas ações penais, a advogada teria cobrado R$ 25 mil de uma mulher que estava presa por integrar a organização criminosa.
Ponto de apoio
De acordo com a sentença, ficou comprovado que o imóvel, em Taguatinga, foi alugado pela advogada justamente para servir como “casa de apoio” da organização criminosa. A profissional do direito tratava diretamente com várias companheiras dos criminosos que estavam detidos e cuidava da logística quando as mulheres se mudavam de São Paulo para o DF. A defensora chegou a ter conversas diretas com a mulher de Marcola.
Na decisão, o judiciário aponta que a advogada tinha plena consciência de que os pagamentos eram feitos pela organização criminosa para a qual ela trabalhava, não apenas prestando assistência jurídica, mas como elo entre os faccionados presos e os demais ainda em liberdade. A função de “pombo-correio” foi lhe atribuída quando a investigação flagrou a conversa da advogada com um indivíduo que atende pela alcunha de “São Paulino”, que lhe pede para transmitir um recado para outro faccionado.
Blogdopa e os previlegios do Poder judiciário.