Relação entre grafite e arte rupestre
Historicamente, o homem pré-histórico ao adquirir certos domínios sobre os recursos disponíveis à sua época, buscou engendrar ferramentas que facilitassem sua vida nas suas tarefas cotidianas. O que vemos hoje com tanta abundância são fruto da evolução e aprimoramento das ferramentas primitivas utilizadas no passado. A Arte para os antigos nômades em seguida para os sedentários não era vista como Arte e sim um procedimento de registro histórico, religioso e simbólico. Classificaremos os três itens elencados acima no título de maneira individual seguido da respectiva conclusão.
Grafite
Esta modalidade é considerada um dos quatro elementos que compõe o Hip-Hop, que segundo Houaiss significa “movimento cultural da juventude pobre de algumas das grandes cidades norte-americanas que se manifesta de formas artísticas variadas (dança, rap, grafites etc.)” (HOUAISS, 2010, p. 407).
Evidencia-se nesta modalidade artística o estilo particular de cada artista que produz sua “Arte Urbana” na maioria das vezes com autorização pública ou privada para a sua produção. Não existe um padrão definido de letras ou desenhos, e na maior parte, os grafites transmitem mensagens de cunho social denunciando os problemas de uma determinada sociedade ou de manifestação em apoio a outras. As cores e as formas utilizadas no grafite acabaram com o preconceito de algumas pessoas que generalizavam – muitas ainda generalizam – o artista como mais um pichador. Hoje em dia alguns comerciantes contratam estes profissionais para realizações publicitárias de seus negócios que viam suas portas serem pichadas sempre que as pintava. A matéria prima do grafite é a tinta, sobretudo o spray que ganhou com o passar dos tempos inúmeras cores abrindo o leque de possibilidades para o grafiteiro ou artista que com criatividade e conhecimento registra nos muros sua mensagem.
Arte rupestre
Podemos compreender como arte rupestre, todas as marcas deixadas por antepassados que por algum motivo descobriram um meio de reproduzir sua vida, sobretudo em cavernas e grutas. Encontramos na arte rupestre inúmeras figuras de animais, homens, mulheres e até indícios de seres antropomorfos. Estas heranças dos antepassados estão possivelmente permeadas de poder simbólico em suas imagens, ou seja, acredita-se que ao desenhar, por exemplo, um bisão, a alma deste animal estaria sob seu domínio e durante a caça não haveria o que temer, pois o principal, ou seja, a alma estava sob seu domínio. Não houve uma prova consistente acerca desta possibilidade em relação à arte rupestre do homem primitivo, porém, são hipóteses que nos convidam para uma profunda reflexão.
Diferentemente do homem contemporâneo e suas tintas prontas, os artistas rupestres se apropriavam dos recursos naturais e fisiológicas que dispunham para registrar suas impressões. A Antropologia em parceria com a Arqueologia e a História está sempre atenta aos detalhes destes registros onde novas possibilidades interpretativas podem surgir a qualquer momento dando um novo sentido ou significado para as pinturas rupestres que descrevem o cotidiano, a cultura, a crença etc. destes povos. Nos falta recursos para que seja possível se debruçar e arriscar uma leitura mais definitiva, pois assim como o artista de hoje está permeado de influências externas, as artes rupestres são fruto de um esforço interpretativo e simbólico do homem do paleolítico e neolítico que evoluiu com o passar dos séculos. A arte rupestre é vista hoje como prova visual de uma mentalidade pré-histórica não menos importante que os registros escritos posteriormente.
Por: Eduardo Magregor.
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