Kakay emociona-se com anulação de condenação de Adriana Villela e celebra sensação de justiça
Momentos após a anulação da condenação que previa 61 anos de prisão para a arquiteta Adriana Villela, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, reafirmou sua convicção na inocência da cliente e declarou sair do tribunal com a sensação de justiça feita.
Visivelmente emocionado com a decisão favorável, Kakay relembrou episódios marcantes do processo e afirmou que já se prepara para o próximo julgamento.
Desde o primeiro momento, tenho total convicção da inocência dela”, afirmou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Por três votos a dois, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a condenação de Adriana Villela, determinando a realização de um novo julgamento. Emocionado com a decisão, Kakay chegou a chorar ainda na sala da Turma.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, comemorou a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular todo o processo contra Adriana Villela. “Felizmente, o STJ está fazendo o que é correto”, afirmou, citando supostas inconsistências ao longo das investigações e do julgamento. Kakay listou ainda episódios que marcaram o caso: “Delegada presa, delegada expulsa da corporação, vidente, chaves falsas, a briga interna do Ministério Público, a deslealdade com a defesa… É algo incrível”.
Animado com a perspectiva de um novo julgamento, Kakay já planeja uma “nova instrução do processo”. “Não há nada que ligue Adriana à cena do crime. Basta analisar a linha do tempo que elaboramos”, afirmou.
“O caso se tornou quase um carma em nosso escritório. Estamos sempre pensando nele. Talvez seja o processo que mais me desestabilizou em 40 anos de advocacia.”
Villela não compareceu ao julgamento. Ao término da sessão, porém, seus advogados informaram a arquiteta sobre a decisão, compartilhando com os presentes no STJ o “sentimento de alívio” pela anulação do processo.
“Adriana está feliz e com sentimento de alívio”, afirmaram as advogadas. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que também atua na defesa da arquiteta, confirmou o retorno positivo de Adriana.
Acusação
O Ministério Público havia pedido a prisão imediata da arquiteta, que recorreu da sentença em liberdade. Segundo a acusação, o crime teria sido motivado por desavenças financeiras entre a filha e os pais. O ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul foi acusado de receber dinheiro da arquiteta para simular um assalto à residência da família, antes de cometer os homicídios a facadas.
Após a conclusão do julgamento na Sexta Turma do STJ, o promotor Marcelo Leite afirmou que irá recorrer. “Os ministros que votaram pela anulação foram levados ao erro pela defesa”, declarou.
Julgamento e votos
Na sessão desta terça-feira (2/9), a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou os recursos da defesa e da acusação no caso de Adriana Villela. Por maioria, os ministros decidiram acolher os pedidos da defesa, que argumentou não ter tido acesso a provas relevantes, incluindo o depoimento de outro réu que acusava Villela de ser a mandante dos assassinatos.
O primeiro a votar, o relator da ação, ministro Rogério Schietti, defendeu que “deve ser preservado o resultado” do júri, destacando que “a maioria dos juízes populares considerou que as provas da acusação indicavam a autoria dos crimes que lhes foram imputados”. Schietti se manifestou favoravelmente ao pedido do Ministério Público para a prisão imediata da arquiteta.
O ministro Sebastião Reis Júnior considerou que a defesa de Adriana Villela foi prejudicada por não ter tido acesso à íntegra das provas ao longo do processo. “O alegado cerceamento de defesa não ocorreu apenas na sessão de julgamento perante o tribunal do júri, mas se estendeu por toda a ação penal”, ressaltou.
Por outro lado, o ministro Og Fernandes acompanhou o relator e votou pela manutenção da condenação. Ele destacou trechos dos votos de Rogério Schietti e de Sebastião Reis Júnior proferidos em sessões anteriores, e afirmou que a alegação da defesa de Villela — de que não teve acesso às provas do crime — não se sustentava. “Acompanho o relator e voto pelo improvimento do recurso especial da defesa de Adriana Villela”, declarou.
O ministro Antônio Saldanha votou pela anulação da condenação da arquiteta, classificando o processo como “uma conturbação extrema” que exige um novo julgamento. Ele destacou ainda a “omissão que foi sendo postergada” e criticou a falta de transparência na apresentação de provas: “Não consigo compreender por que motivo órgãos julgadores escondem partes de provas. Dá a impressão de que querem ocultar elementos determinantes para que a defesa não possa utilizá-los. Isso é grave”, afirmou.
O ministro Otávio de Almeida Toledo também se posicionou pela anulação do júri, ressaltando que a decisão não significa absolvição imediata. “Trata-se de reconstituir o processo de forma a garantir a ampla defesa”, explicou. Com seu voto, Toledo desempatar o julgamento, que terminou em 3 a 2 a favor de Adriana Villela.
Crime da 113 Sul
Em agosto de 2009, um trágico crime chocou Brasília: José Guilherme, Maria e Francisca foram brutalmente assassinados no apartamento da família, localizado no 6º andar de um prédio na 113 Sul. As vítimas sofreram mais de 70 golpes de faca durante o ataque.
Após longos anos de investigação e processos judiciais, o caso foi levado a julgamento em 2019. O porteiro do prédio à época, Paulo Cardoso Santana, foi condenado a 62 anos de prisão como autor direto dos assassinatos. Considerados coautores do crime, Leonardo Campos Alves e Francisco Mairlon tiveram suas penas fixadas em 60 e 55 anos, respectivamente.