Militar muda versões e PCDF aponta facadas fatais em feminicídio de cabo do Exército
Exames preliminares da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) confirmaram que a cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, sofreu duas facadas no pescoço — ambas fatais — e um golpe na região abdominal antes de ser morta. Após o feminicídio, o soldado Kelvin Barros da Silva, autor do crime, ateou fogo ao corpo da vítima na tentativa de ocultar provas.
Segundo o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Paulo Noritika, além das lesões provocadas por arma branca, a perícia identificou um hematoma compatível com soco ou joelhada. A investigação aponta que Maria foi assassinada antes de ter o corpo carbonizado.
Durante depoimento, descrito como frio e detalhado pelos investigadores, Kelvin relatou diferentes versões sobre a dinâmica do crime. A defesa do soldado, representada pelo advogado Alexandre Carvalho, sustenta que ele teria agido em legítima defesa após uma discussão sobre um suposto relacionamento entre os dois.
A família da cabo, no entanto, nega qualquer vínculo amoroso e afirma que a motivação pode estar relacionada à hierarquia militar — Maria ocupava posição superior à de Kelvin.
Cinco versões distintas
Logo após a prisão, o soldado apresentou cinco versões diferentes à PCDF. Em um primeiro momento, negou tanto o crime quanto qualquer proximidade com a vítima. No entanto, conforme era confrontado com evidências e contradições, as versões mudaram.

Na última delas, Kelvin afirmou que os dois mantinham um relacionamento e haviam marcado encontro para discutir o futuro da suposta relação. Ele alegou que a conversa teria evoluído para uma discussão e que Maria tentou sacar uma arma, momento em que ele reagiu com a faca.
A investigação segue em andamento, e novas perícias devem reforçar a materialidade e a dinâmica do feminicídio.



