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Blogdopa | BNDES sugere melhorias no transporte público e na integração viária do DF

Um documento elaborado pelo Ministério das Cidades em parceria com o BNDES propõe a expansão do metrô e do BRT, além da implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Distrito Federal. As propostas, que ainda não detalham fontes de financiamento, estão em análise pelo Governo do Distrito Federal (GDF).

Divulgado nesta semana, o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU) apresentou projetos para 21 regiões metropolitanas do país, entre elas o Distrito Federal. Desenvolvido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Ministério das Cidades, o documento reúne um conjunto de propostas voltadas à formulação de políticas públicas de mobilidade urbana, com foco na ampliação das redes de transporte coletivo, redução de emissões de gases e diminuição de acidentes de trânsito.

Para o DF, o estudo sugere 13 projetos, sendo sete de expansão do BRT, totalizando 153 km; dois de metrô, com 3 km de novos trechos; e quatro de VLT, somando 123 km. O investimento total estimado é de R$ 21,3 bilhões.

Segundo o levantamento, a implementação dessas iniciativas pode resultar na redução de cerca de 750 mortes no trânsito até 2054, além de evitar a emissão de aproximadamente 225 mil toneladas de CO₂ por ano. Outro impacto positivo é a diminuição de 9% no custo operacional por viagem, decorrente do uso ampliado de sistemas de transporte de média e alta capacidade, reconhecidos pela maior eficiência.

A implantação também deve reduzir o tempo médio de deslocamentos na capital, gerando um impacto econômico estimado em R$ 13,9 bilhões.

O secretário de Mobilidade do Distrito Federal, Zeno Gonçalves, destaca que algumas propostas do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU) já estavam previstas no Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de 2012, atualmente em processo de atualização. “É o caso dos VLTs, por exemplo”, lembra. “Nós estivemos em contato com a equipe que produziu o estudo, e todos os projetos estão sendo avaliados para definir se irão ou não compor a proposta do novo PDTU, que será encaminhada à Câmara Legislativa (CLDF)”, afirma. A data do envio ainda não foi definida.

Zeno observa que são necessárias fontes sólidas de recursos para tirar as sugestões do papel.

“Mais importante do que um bom portfólio de projetos é que o governo federal indique também fontes estáveis de financiamento, porque o grande problema dos planos é a execução — e as propostas apresentadas demandam altos investimentos em infraestrutura”, destaca.

“Um plano só é bom quando é executado; do contrário, vira uma peça decorativa, sem resultado. Precisamos resolver o problema da mobilidade com uma visão de médio e longo prazo”, completa.

Propostas

De acordo com o Ministério das Cidades, o ENMU tem caráter técnico e estratégico, voltado à identificação de oportunidades de investimento e à estruturação de um banco de projetos que orientará futuras ações e políticas públicas.

“As etapas de modelagem e execução serão definidas após a conclusão do estudo, prevista para o início de 2026. A partir desse momento, os projetos poderão ser estruturados para captação de recursos e eventual investimento federal”, explica a pasta.

“Os projetos selecionados mostram que o Brasil está buscando se adaptar às mudanças do clima, com ações que unem sustentabilidade, mobilidade e inclusão social”, afirma o ministro das Cidades, Jader Filho. “Investir em transporte coletivo limpo é investir nas cidades e nas pessoas, para que os centros urbanos se tornem mais resilientes, com menos poluição e deslocamentos mais rápidos e seguros”, completa.

Os critérios de mapeamento das propostas levaram em conta a relevância metropolitana, o potencial de impacto na mobilidade urbana e na integração entre modais, a demanda de passageiros para infraestrutura de média e alta capacidade, além da aderência às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana.

“Com o estudo, o BNDES contribui para a construção de uma política pública voltada à formulação de uma estratégia nacional de mobilidade urbana, de longo prazo e sustentável, unindo esforços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos brasileiros e brasileiras, com um transporte mais eficiente, menos poluidor e mais seguro”, destaca o presidente do banco, Aloizio Mercadante.

O secretário-executivo do Movimento pelo Direito ao Transporte (MDT) e titular do Conselho de Transporte Público Coletivo do DF, Wesley Ferro, ressalta que o Distrito Federal carece de projetos consistentes na área de mobilidade.

“Dentro da Política de Mobilidade, especialmente no que se refere a obras de infraestrutura, há uma carência de projetos bem estruturados que garantam investimentos capazes de qualificar os espaços urbanos e regionais”, analisa. “Houve um importante trabalho de diagnóstico e identificação de demandas, e essa iniciativa chega em um momento oportuno justamente diante dessa lacuna”, complementa.

Para ele, é fundamental aprimorar o sistema de transporte público do DF — e uma condição para isso é investir nos eixos estratégicos e repensar novas propostas. “O ENMU apresenta possibilidades de expansão do metrô, mas defendemos que a prioridade deve ser a melhoria do sistema atual, antes de discutir ampliação”, pondera o especialista. “É urgente interromper o processo de degradação do metrô, que enfrenta riscos constantes aos usuários, paralisações frequentes e interrupções causadas por uma frota envelhecida”, conclui.

Propostas para o Distrito Federal

  • Extensão do Metrô Linha 1 – Trecho Ceilândia
  • Extensão do Metrô Linha 1 – Trecho Asa Norte 1
  • Implantação do VLT Linha 2
  • Implantação do VLT EPCL/Eixo Monumental
  • Implantação do VLT TAN/Aeroporto
  • Extensão do VLT EPCL/Eixo Monumental – Trecho Esplanada dos Ministérios
  • Extensão do BRT Eixo Oeste – Trecho até a BR-070
  • Extensão do BRT Eixo Oeste – Trecho Avenida Hélio Prates
  • Implantação do BRT Eixo Norte
  • Implantação do BRT Eixo Sudoeste
  • Implantação do BRT Luziânia/Entorno Sul
  • Implantação do BRT Águas Lindas
  • Implantação do BRT Eixo Leste

Impactos esperados

Caso as propostas sejam implementadas, estima-se que:

  • Sejam reduzidos cerca de 750 óbitos no trânsito até 2054;
  • Deixem de ser emitidas aproximadamente 225 mil toneladas de CO₂ por ano;
  • Haja redução de cerca de 9% no custo operacional por viagem.

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