Técnico de enfermagem é condenado a 42 anos por dopar e furtar pacientes em hospitais do DF
Preso por dopar e furtar pacientes no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), o técnico de enfermagem Daniel Pirangi Gomes, 44 anos, foi condenado pela 4ª Vara Criminal de Ceilândia a 42 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado.
Servidor da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Daniel teve a pena unificada pelos oito crimes cometidos, conforme o artigo 157 do Código Penal. Ele também deverá pagar 104 dias-multa. Para cada caso, a Justiça aplicou pena de cinco anos e quatro meses. A decisão ainda é provisória, e a defesa já recorreu. O juiz determinou a manutenção da prisão preventiva durante o processo.
Detido durante a Operação Bad Nurse, da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), Daniel Pirangi está preso desde 12 de setembro. Ele é acusado de drog ar pacientes internados em hospitais públicos do DF para furtar joias e pertences pessoais. Mais de 20 testemunhas foram ouvidas pela Polícia Civil do DF (PCDF) antes do indiciamento.
Após a sentença, o Ministério Público do DF (MPDFT) recorreu pedindo indenização de R$ 10 mil por danos morais para cada vítima.
O que diz a defesa
No recurso, a defesa argumenta que nenhuma testemunha presenciou os furtos.
“Nos depoimentos contidos no processo, que foram mais de 20, foram unânimes as declarações de que o réu não foi visto furtando os referidos bens. Ou seja, nenhuma testemunha presenciou o suposto crime, baseando-se sempre em informações inverídicas e redes sociais”, afirmou o advogado.
A defesa também sustenta que câmeras de segurança não registraram os crimes, e que a condenação não poderia se basear em “meras presunções”.
Provas reunidas
Segundo a investigação, Daniel se valia da confiança do ambiente de trabalho para aplicar substâncias sedativas em pacientes do HRC e do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Com as vítimas inconscientes, ele subtraía alianças, correntes e outros objetos de valor.
Nas buscas, policiais apreenderam semijoias semelhantes às descritas pelas vítimas, além de medicamentos de uso restrito, incluindo sedativos que podem ter sido utilizados nos crimes.
O inquérito reuniu reconhecimentos fotográficos, depoimentos de colegas, e análise de prontuários que mostraram divergências entre medicamentos prescritos e os aplicados. Uma supervisora confirmou o desaparecimento de sedativos controlados durante plantões do servidor.
O modus operandi era sempre semelhante: Daniel se aproximava dizendo que iria ministrar remédios, aplicava o sedativo sem prescrição e, com o paciente desacordado, realizava os furtos.
Em um dos episódios mais graves, um paciente, ainda sob efeito da droga, tentou dirigir e sofreu um acidente, colocando vidas em risco.
Apesar da prisão e da condenação, Daniel continua no quadro de servidores da SES-DF, com salário bruto de R$ 14 mil. A Secretaria de Saúde foi acionada para comentar a decisão e uma possível exoneração. O espaço segue aberto.
